quarta-feira, dezembro 24, 2008


Nada. Nem palavras, nem pensamentos ou emoções. Nem pensar, ou repensar, nem querer ou dizer, nem fazer nem correr nem procurar. Nem entristecer nem sorrir. Não sentir.Nem cansar. Ficar. Olhar. Absorver. Às vezes (tantas vezes) é só assim e mais nada.

Já agora, é Natal. ho. ho. ho.

terça-feira, dezembro 02, 2008

Entretanto o tempo passou. Eles cresceram, ganharam cabelo, expressões engraçadas e muita energia. O meu cabelo foi drasticamente cortado e a minha pulseira "da sorte" rompeu-se. Muito aconteceu desde esta altura. E nós, nós ficámos especados, de olhos arregalados e boca entreaberta, a ver tudo acontecer tão rápido.
Quando me dão a mão eu sorrio e vou com eles para onde quiserem, para onde me levarem. Não me importo, não quero saber para onde, nem porquê. Correm desajeitados, com a mão pequenina agarrada à minha, soltam gargalhadas de quando a quando, tropeçam nos próprio pés. E eu vou atrás. Eles é que sabem. Com dentinhos pequeninos a espreitarem no sorriso enorme, rasgado, eles é que sabem.

sexta-feira, novembro 28, 2008

Philosofical Egoism : Max Stirner

« What is not supposed to be my concern! First and foremost, the Good Cause, then God's cause, the cause of mankind, of truth, of freedom, of humanity, of justice; further, the cause of my people, my prince my fatherland; finally, even the cause of Mind , and a thousand other causes. Only my cause is never to be my concern. "Shame on the egoist who thinks only of himself!"
(...)

God and mankind have concerned themselves for nothing, for nothing but themselves. Let me then likewise concern myself for myself, who am equally with God the nothing of all others, who am my all, who am the only one.

If God, if mankind, as you affirm, have substance enough in themselves to be all in all to themselves, then I feel that I shall still less lack that, and that I shall have no complaint to make of my "emptiness." I am not nothing in the sense of emptiness, but I am the creative nothing, the nothing out of which I myself as creator create everything.
Away, then, with every concern that is not altogether my concern! You think at least the "good cause" must be my concern? What's good, what's bad? Why, I myself am my concern, and I am neither good nor bad. Neither has meaning for me.
The divine is God's concern; the human, man's. My concern is neither the divine nor the human, not the true, good, just, free, etc., but solely what is mine, and it is not a general one, but is --unique , as I am unique.
Nothing is more to me than myself! »
Viver para si mesmo. Para uma causa única e exclusivamente individual. Forte, original, audaz, mas diga-se, bastante distante da realidade.

terça-feira, outubro 21, 2008

Porque será que aquece por dentro, faz sorrir e deixa esta sensação de alívio, apercebermo-nos das fortes crenças e feitos de outrem? O meu professor chamar-lhe-ia um processo de interpassividade, um desejo de desresponsabilização. É bem possível. Seja o que for, deixa um leve (e tantas vezes breve) rasto de força e esperança. Sabe bem.


Fado do Encontro

"Vou andando
Cantando
Tenho o sol à minha frente
Tão quente, brilhante
Sinto o fogo à flor da pele
Tão quente, beijando
Como se fosses tu

Ao longe,
Distante,
Fica o mar no horizonte
É nele, por certo
Onde a tua alma se esconde
Carente, esperando
Esse mar és tu

Pode a noite ter outra cor
Pode o vento ser mais frio
Pode a lua subir no céu
Eu já vou descendo o rio...

Na foz
Revolta
Fecho os olhos penso em ti
Tão perto
Que desperto
Há uma alma à minha frente tão quente,
Beijando
Por certo que és tu

Pode a lua subir no céu
E as nuvens a noite toldar
Pode o escuro ser como breu
Acabei por t'encontrar

Vou andando
Cantando
Tive o sol à minha frente
Tão quente brilhando
Que a saudade me deixou
Pra sempre, por certo
O meu Amor és tu. "

domingo, outubro 19, 2008

JB

O olhar vidrado no nosso, o suor que reflecte o esforço da alma, as expressões faciais descuidadas, o sorriso nervoso na tentativa de suavizar uma mágoa entranhada já há muito.
O artista. Aquele que consegue através das suas belas palavras, do seu olhar incrivelmente profundo, brotar toda a sua essência para os nossos braços, rastejando tão inesperadamente até ao nosso coração, consumindo-nos por dentro. Alguém que se dá por inteiro, que se entrega sem restrições. Alguém que expõe inocentemente todo o seu ser como tamanha paixão e intensidade que nos deixa arrasados, apanhados de surpresa.


Acho que já não existem pessoas assim.



terça-feira, outubro 07, 2008

The Rolling Stones

"You can't always get what you want
You can't always get what you want
You can't always get what you want
But if you try sometime well you just might find
You get what you need"


A sensação final que nos deixa um bom filme, a frase de um livro que abre os horizontes do nosso espírito ou a música de batida alegre que passa na rádio e nos muda o dia.
Dias em que nos apercebemos que nem sempre temos aquilo que ambicionamos tão ferozmente. Nem sempre alcançamos sonhos antigos ou metas marcadas, mas tantas vezes temos exactamente aquilo que precisamos.

segunda-feira, setembro 29, 2008

Só conseguia olhar para as pernas dobradas em tom de desistência e sentir os pés enregelados, mergulhados na poça de água mesmo colada ao passeio. As lágrimas escorriam sozinhas, abandonadas por qualquer sentimento, pensamento ou emoção. Elas escorriam por uma dor interior horrível e acima de tudo inegável. Ouvia a mesma canção dentro de mim outra e outra vez e aquele vazio enorme inundava-me a alma deixando-me com a mesma sensação de que já nada importa. Tristeza. Falar de estar triste e não estar realmente, no verdadeiro sentido da palavra, acontece frequentemente. Mas agora sabia: isto é que era sentir tristeza. Sentir o corpo abandonado pela alma, as forças a esvaírem-se, um sofrimento de certa maneira doce, poético. Olhar para os candeeiros de luz forte, ouvir os barulhos da rua, ver as pessoas a passar e sentir que esse mundo é um mundo à parte, uma espécie de pano de fundo (na cena errada).
Ouvi uns passos, um corpo quente a aproximar-se e presumi que fosse ele. Fui pensando no que ia dizer, de que maneira iria agir, qual seria a expressão na minha cara quando o seu olhar doce e calmo estivesse frente a frente ao meu. No fundo, o que iria fazer para disfarçar a confusão imensa que pairava dentro de mim, afirmando-me tão decidida e forte, exactamente como ele me vê. Desesperei. Deixei escapar novamente lágrimas gordas apesar de estar a fazer a maior força possível para as reprimir. Não conseguia pensar, nem raciocinar, só sentir a chuva forte a cair sobre o meu corpo pesado e novamente, os pés enregelados. “Assim não dá, assim não vai dar certo. Tenho de dizer as palavras certas, tenho de exprimir as emoções adequadas, tenho de agir de modo acertado. Tenho que fazer, agir e conseguir. Desta vez tem que ser. Tenho que conseguir levar até ao fim e fazer com que dê certo. A quem quero eu enganar? Nunca dá certo!!” E foram-se sucedendo uma série de palavras aleatórias, um discurso desorganizado, um raciocínio, que não sei ao certo até que ponto se lhe pode dar tal nome, de tão confuso que se afigurava. E de repente o tempo parou. E o coração também. Por esta altura, não sei dizer se estou a respirar ou não. Só consigo sentir a força da sua mão no meu ombro. “Estás bem?” – disse-me ele. “Não. Mas vou ficar.”

terça-feira, setembro 16, 2008

crise

A palavra crise, numa língua oriental (japonês, creio), é constituída por dois símbolos distintos. Um significa perigo e o outro oportunidade. Pode parecer um cliché comum e batido mas a verdade é que achei bastante curiosa esta minha descoberta. No meio de toda a confusão, de todo o caos, quando pensamos que tudo está perdido (e tantas vezes, de facto, está), no meio de todo o sofrimento, dor e mágoa, existe uma saída. Porque o que não nos mata torna-nos mesmo mais fortes. Nasce assim, inadvertidamente, uma oportunidade de procurar novas situações e experiências, de viver intensamente e com muita paixão. É que em todo o caos, em toda a confusão existe sempre uma oportunidade de passar para um patamar melhor, e está mesmo à nossa frente. Falta olhar com atenção, agarrá-la com garra, sorrir-lhe com carinho e finalmente abraçá-la com muita, muita esperança.

quarta-feira, setembro 10, 2008

um

Faz hoje um ano que eles aterraram cá, as nossas bolinhas. É estranho agora chamar-lhes bolinhas porque já nada têm de pequenino: já se mexem (até demais), já tentam simular conversas, pegam em tudo o que lhes aparece à frente, observam em seu redor com uma atenção incrível, como se ainda estivessem surpreendidos com a quantidade de coisas, cores e feitios que existem.
Eles imitam-nos, reagem à nossa voz, gestos e expressões. Já fazem birra quando estão chateados, já dão gargalhadas quando acham piada a alguma coisa. Já sabem brincar, puxar, mexer, largar, agarrar, gatinhar. Se antes eram bebés, que só choravam, comiam e dormiam, agora estão, a passinhos pequeninos, a tornar-se "alguém". Quando estamos todos juntos, vejo a evolução, vejo momentos, pedaços de vida. Vejo uma série de imagens, sons e cores carregados de emoção. Vejo uma ligação semelhante à que tenho com os meus pais e irmãos. E só posso ficar feliz.
Vão-se ligando a nós e nós deixamos, meios distraídos. Que passem muitos anos (com a devida calma), queridos bolinhas. Queremos (tanto) ver-vos crescer.

domingo, setembro 07, 2008

Ás vezes imagino-me a viver a vida dos outros. Não de pessoas com as quais convivo diariamente, mas sim pessoas imaginadas (perfeitas na sua definição: contornadas delicadamente por pormenores específicos). Vivo fragmentos das suas vidas e tantas vezes apodero-me da sua essência, talvez por mera distracção ou pura inveja. Imagino-me a ser, sentir e agir de forma completamente diferente. Afasto-me daquilo que sou e tento-me aproximar de uma realidade confusa que, apesar de distante se assemelha mais fácil de enfrentar.Agora que reflicto melhor sobre o verdadeiro significado destas frequentes divagações, acabo por lhes tirar um sentido menos positivo. Afinal apodero-me de vidas, de diferentes personalidades,de qualidades e defeitos porque...não sei, nem quero saber, o que se passa cá dentro. É (será?) melhor assim.

«"conhece-te a ti mesmo", o que, pelo menos no meu caso, constitui um péssimo conselho. Conheço-me apenas de vista, e já é bom. Um conhecimento profundo obrigaria a uma convivência mais intensa, e eu não me dou com gente desta.»
"Opinião/Boca do Inferno" por Ricardo Araújo Pereira in Visão

sábado, agosto 23, 2008

"Tudo o que necessitas, já tens dentro de ti"

Fecho os olhos... e continuo a procurar(-te)

segunda-feira, agosto 18, 2008

Mal-me-quer Bem-me-quer II

"Dá-lhe um abraço" - disse ele - "é em meu nome" - sorriu com ternura.
E ficaram assim, imóveis durante alguns segundos a olhar um para o outro, a vislumbrar um futuro irrealizável mas extremamente delicioso.
O amor platónico. A relação que não pode existir. A ligação impossível de realizar. O abraço que não pode ser dado, o beijo que não pode ser sentido, o toque que é (totalmente) proibido. Os momentos, sensações e situações que apenas tomam lugar num espaço-tempo estranho à nossa triste e esbranquiçada realidade. Afinal o amor que é mesmo perfeito precisamente por não ser de todo possível. Essa entidade superior, pura e totalizante que só existe no limiar instável da passagem para a sua concretização.

quinta-feira, julho 24, 2008

I am the escaped one

I am the escaped one,
After I was born
They locked me up inside me
But I left.
My soul seeks me,
Through hills and valley,
I hope my soul
Never finds me.

Fernando Pessoa

sábado, junho 21, 2008

"Posso ser contra aquilo que tu dizes, mas bater-me-ei até à morte para que o possas dizer"
Voltaire


A luta pela liberdade como princípio indissociável do jornalismo. Há dias assim.

quinta-feira, junho 12, 2008

manias

Havia uma espécie de vício que eu tinha quando era mais nova. Ligar e desligar o interruptor da luz das escadas duas vezes, quatro vezes ou seis (tanto fazia desde que fosse número par), subir as escadas em bicos de pés (ainda hoje o faço), dobrar os guardanapos a meio, formando um rectângulo, compor os volumes do rádio, da televisão para que ficassem em número par...pequenas manias que se foram entranhando não de modo obessessivo, do estilo "Melhor é impossível", mas mais "picuinhas" se assim se pode dizer. Uma coisa do género: tenho mesmo que fazer, tenho que provar que consigo fazer, vou obrigar-me a conseguir fazer, senão...qualquer coisa.
Ultimamente tenho sentido isso, mas noutras circunstâncias. Um tenho que alcançar, tenho que conseguir, tenho que concretizar a todo o custo, tenho que provar, mostrar, fazer acontecer!
Apagar e acender luzes não é difícil. Nunca falhei nos pequenos (e loucos) caprichos do dia-a-dia. Mas e se agora falho? O que virá depois do 'senão'?

terça-feira, maio 13, 2008

os clichés

Hoje apercebi-me que gosto de clichés. Nunca tinha reflectido muito sobre o significado desta expressão, até porque assim,à primeira, lhe dava uma conotação negativa. Mas agora que penso nisso (que me fizeram pensar), apercebi-me que a palavra não tem obrigatoriamente de significar algo típico, usado ou até foleiro... pode simplesmente ser algo familiar, assim de uma forma boa, doce. Porque afinal quando falamos de provérbios, típicas frases ou ideias repetidas falamos de uma espécie de "confirmação" daquilo que achamos ou sentimos. É como se alguém (não tão bem definido como gostaríamos) estivesse a dar-nos razão, a mostrar-nos que afinal há situações que acontecem a todos e por isso não devemos exagerar nas nossas apreciações.
É como uma "palmadinha nas costas", um "ombro onde chorar", uma "palavra oportuna de consolo"...sim, tudo clichés. E agora? Eu gosto.

segunda-feira, maio 05, 2008

my blueberry nights

"Dizer adeus nem sempre significa o fim...às vezes é apenas um novo começo."

segunda-feira, abril 28, 2008

O Principezinho













"O que significa "cativar"?

- É uma coisa de que toda a gente se esqueceu - disse a raposa. – Significa criar laços.
- Criar laços?
- Isso mesmo - disse a raposa. - Ora vê: por enquanto, para mim, tu não és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, para ti, eu não sou se não uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas, se tu me cativares, passaremos a precisar um do outro. Passarás a ser único no mundo para mim. E, para ti, eu também passarei a ser única no mundo...
- Começo a compreender - disse o principezinho. - Sabes, existe flor...creio que ela me cativou…
- É bem possivel - disse a raposa. - Vê-se de tudo à superfície da Terra...
- Oh! não é na Terra! - disse o principezinho.
A raposa pareceu ficar muito intrigada.
- Então, é noutro planeta?
- É.
- E nesse tal planeta há caçadores?
- Não.
- Começo a achar-lhe alguma graça...E galinhas?
- Não.
- A perfeição não existe...- disse a raposa.
Mas a raposa voltou a insistir na sua ideia:
- Tenho uma vida terrivelmente monótona. Eu, caço galinhas e os homens, caçam-me a mim. As galinhas são todas iguais umas às outras e os homens são todos iguais uns aos outros. Por isso, às vezes, aborreço-me um bocado. Mas, se tu me cativares, será como se o sol iluminasse a minha vida. Distinguirei, de todos os passos, um novo ruído de passos. Os outros passos fazem-me fugir para debaixo da terra. Os teus hão-de chamar-me para fora da toca, como uma música. E depois, olha! Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? Eu não como pão e, por isso, o trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me fazem lembrar de nada. E é triste. Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Por isso, quando me tiveres cativado, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti. E hei-de amar o barulho do vento a roçar no trigo…
A raposa calou-se e ficou a olhar durante muito tempo para o principezinho.
- Cativa-me, por favor - acabou finalmente por dizer. "



Cativar: a excelente definição do que afinal é o amor. Tantas vezes tentamos explicar de modo elaborado, enfeitado, complicado...quando afinal de contas é tao simples como sorrir. Afinal é isso que é o amor, um sorriso aberto diluído na alma, não é?

sexta-feira, abril 25, 2008

"Já agora valia a pena pensar nisto"

A verdade é que tudo acaba por passar, sejam coisas boas ou más. Atormenta-nos que as boas tenham de acabar tão depressa e assola-nos a ânsia de que as más se apressem a passar. Mas a verdade é mesmo esta: tudo acaba por passar. Só é preciso um bocadinho de paciência e também vontade que apareçam mais coisas novas (boas e más).

quarta-feira, abril 09, 2008

estar ali

Hoje mergulhei no mundo deles. Senti o cheirinho a bebé, ouvi balbuciar em tentativa de expressar um qualquer sentimento, senti as mãozinhas pequeninas a puxarem-me a camisola, observei com atenção o olhar concentrado de quem tão pouco sabendo nos consegue entrar pela alma adentro. Deitei-me no meio daqueles corpinhos pequeninos e, de um momento para o outro, tudo se tornou mais simples. Fitaram-me, os dois, com uma atenção que me surpreendeu. Como se quisessem saber o porquê de eu estar ali.
Sim, hoje mergulhei no mundo deles. Ficámos os três a olhar para o tecto e enquanto eles provavelmente pensavam em sopas, leites, brincadeiras ou nos papás, eu respirei fundo e tive um daqueles deliciosos momentos em que a cabeça se esvazia e tudo deixa de importar, senão estar ali.

terça-feira, abril 01, 2008

"Como se não houvesse amanhã"

...era assim que deviam ser todos os dias.

sexta-feira, março 07, 2008


Ás vezes gostávamos quiçá de ser infelizes. Infelizes para sentirmos a genialidade que advém desse enorme sentimento de mágoa, incrível dor e sofrimento. Parece um pensamento ridículo este de querer ficar triste, não é? Mas acima de tudo é um desejo maior que nós de podermos sentir cada fibra do nosso corpo, cada pontada na alma...o sentimento que mais nada resta, apenas a dor, apenas a raiva, apenas a arte.



"Espero que a saída seja feliz, e nunca mais voltar cá."
Frida Kahlo




segunda-feira, março 03, 2008

A borboleta

Lembro-me de tardes de Primavera. De perdida no relvado verde que parecia tao enorme, na altura, tão cheio de tudo, apanhar borboletas. Apanhar borboletas e aprisioná-las nas mãos em forma de concha. Absorver a sua cor, alegria, paixão, saborear e sorrir à conta da sua vida. Hoje em dia apetece-me fazer isso, de tempos a tempos. Aprisionar sensações deliciosas, encantadoras, vibrantes, nas palmas das mãos. Agarrá-las com força e soltá-las lentamente, soprar-lhes devagarinho, de olhos fechados e peito inchado porque assim consigo, assim sim.

domingo, fevereiro 24, 2008

"Juno"

É incrível como uma série de imagens bem conjugadas, umas palavras agradáveis e uma música bem escolhida podem realmente mudar, nem que seja apenas por breves instantes, a maneira como nos sentimos e até o modo como pensamos. É incrível como hoje em dia olhamos para um filme: como se fosse a ocasional captação da realidade; e por outro lado olhamos para a realidade numa perspectiva cinematográfica: os dramas, os olhares, os momentos parados, as imagens que ficam gravadas cá dentro.
Confundimos dois mundos propositadamente (ou não), porque queremos, porque desejamos, porque podemos. Porque podemos mudar de pessoa, de pele e até de mundo...





"You're a part time lover and a full time friend
The monkey on you're back is the latest trend
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

I kiss you on the brain in the shadow of a train
I kiss you all starry eyed, my body's swinging from side to side
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

Here is the church and here is the steeple
We sure are cute for two ugly people
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

The pebbles forgive me, the trees forgive me
So why can't, you forgive me?
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

I will find my nitch in your car
With my mp3 DVD rumple-packed guitar
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

Du du du du du du dudu
Du du du du du du dudu
Du du du du du du dudu du

(...)"

The Moldy Peaches

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

"Malmequer, Bem-me-quer"

Vou sempre olhar-te assim como se pudesse ter-te para sempre só para mim. Vou sempre querer-te bem perto, abraçar-te quando tudo estiver a correr mal. Vou sempre desejar o teu toque apenas para imaginar que tudo pode correr bem. Apesar de saber que nunca te poderei tocar (aliás isso seria o fim de nós dois). Vou sempre ter-te. Beijar-te às escondidas na escuridão do meu pensamento. Vou sempre entrelaçar com força e carinho as minhas mãos atrás das costas, só para imaginar que uma delas é a tua. E apesar de sempre sabermos que nada disto se vai concretizar de verdade, num mundo real de tons escuros, tu farás exactamente o mesmo, com um sorriso nos lábios, porque também o sentes dentro de ti.

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

o sentido

Imaginem só: uma sala escura, de fundo negro repleta de televisões que aparentam estar suspensas no ar; televisões essas que mostram, passo a passo, o eclipse da lua. É verdade que por esta altura devia dizer o senti, os pensamentos que me ocorreram, devia expressar uma opinião no mínimo artística. Devia ter pensado algo verdadeiramente inteligente. Na verdade o que senti não foi o vazio do negro da sala (que nesta altura era o meu pequeno/grande mundo) que me preenchia, nem o universo, ou a grandiosidade absoluta do infinito. O que senti foi apego à imagem, deslumbramento, felicidade inocente de uma criança. Não foi pensar, nem reflectir, não foi divagar sobre objectivos e propósitos, foi sentir. Foi deixar um mundo atrás daquela porta (deixar medos, mágoas, ânsias e até alegrias e desejos) e entrar noutro, onde de facto já estou, mas nunca me apercebo. Foi por segundos sentir calma, paz. Foi assim, sentido de realidade, que sabe bem.

domingo, janeiro 27, 2008

a carta

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."

Fernando Pessoa

Amei sim.

sábado, janeiro 26, 2008

"O meu fabuloso destino"

Apercebi-me há pouco tempo que podemos fazer escolhas. E não falo de fazermos escolhas triviais do dia a dia. Aliás até nessas falo porque são os pequenos passos para as grandes decisões. Alguém me disse que desde que o cinema chegou aos nossos tempos, temos uma visão cinematográfica do mundo. Então porque é que não fazemos de tudo para ter uma vida de filme? Porque é que nos contentamos e não ansiamos por algo mais? Porque é que já não fazemos escolhas? Afinal podemos mesmo escolher. Podemos seguir os nossos sonhos. Podemos ser astronautas, viajar pelo mundo, pôr um sorriso na cara de alguém...pôr um sorriso em nós mesmos. É uma questão de não nos acomodarmos. Seguir um sonho não é só um sonho! É realmente praticável! Podemos fazer tudo! É querer! É pensar com muita força! Sabe bem não sabe? Saber que podemos fazer algo diferente, algo que nos move!
Se estamos tristes ou abalados podemos optar por ultrapassar os problemas e regressarmos ao céu azul. É só querer com muita força, agarrar-nos às coisas boas e seguir os nossos sonhos. Acredito mais do que nunca: O sonho comanda a vida.

sábado, janeiro 19, 2008

Amor Cão

Amor é traição, Amor é angústia, Amor é pecado, Amor é egoísmo, Amor é esperança, Amor é dor, Amor é morte.


O que é o Amor?

quarta-feira, janeiro 02, 2008

dois mil e oito

Nem é tanto a coisa do dia ou do ano. Basicamente é o conceito de termos uma nova oportunidade de fazer tudo de novo, de levantar, de tentar, de finalmente conseguir... é oportunidade para reunirmos forças e seguirmos em frente. Porque afinal não é a passagem do dia 31 para o dia 1. É a passagem do passado para o futuro, do velho para o novo, do fracasso para o possível o sucesso. A passagem para um sorriso interior, para um mundo melhor.

"Vou viver, até quando eu não sei ,que me importa o que serei, quero é viver."
O António Variações resumiu e muito bem.