sábado, outubro 30, 2010

É

estar com a sensação que algo se perdeu pelo caminho

segunda-feira, junho 21, 2010

Um ciclista

"O passado é como o mar: nunca sossega. As casas encolhem, como os velhos, ao passo que as árvores crescem sem parar. Quando regressamos, decorridos muitos anos, aos lugares da nossa infância encontramos árvores gigantescas e sufocando de terror à sombra delas as casas minúsculas que um dia foram nossas. Mal reconhecemos a cama de bonecas em que dormimos quando éramos crianças, ou o quintal, que sempre julgámos ser imenso, e que tem, afinal, apenas dois palmos de fundo.
O meu pai dizia-me:
- A vida é uma corrida, meu filho. Quem olha para trás enquanto corre arrisca-se a tropeçar. Eu não olho para trás. Avanço por vezes de olhos fechados e tropeço, como os outros, e eventualmente caio, mas não olho para trás. Nunca fui pessoa de cultivar saudades. Não colecciono álbuns de fotografias e jamais guardei pétalas secas entre as páginas de velhos livros. Sigo sempre em frente. Quando me perguntam para onde vou encolho os ombros. Rio-me:
- Adiante"
José Eduardo Agualusa in "Passageiros em Trânsito"

É sempre bom regressar. Um sentido de alívio, de apoio, uma sensação de descanso. Não temos que ser nem fazer nada, só voltar ao posto antigo e ficar por aí. Não há necessidade de agir, de aprender, de pensar, enfim...de cansar. É bom regressar porque o lugar que um dia deixámos, está ali para consolar, para segredar que não vai a lado nenhum.
Mas, não vale a pena pensar nem falar sobre isso. A vida continua. A piscar de vez em quando, divertida, ao que deixa para trás. Mas em frente. Sempre em frente.

quarta-feira, abril 14, 2010

inventário aleatório e impulsivo das pequenas coisas que gosto nas pessoas que conheço

Gosto do sorriso com covinhas do Tomás e da maneira como a Su se senta nas cadeiras dos cafés e da maneira como o Carlos mexe no cabelo quando tem sono e da cara de envergonhado fingido quando chamo o antoninho e das piadas (sem graça alguma) do tomás grande e da maneira como a tania diz o meu nome num tom carregado à norte que só me apetece agarrá-la e da carinha da mé a cantar (direitinho) a nova música do jorge palma e da ritinha e do quanto rimos juntas e dessa maneira decidida de ser da inês e da maneira como a margarida reinventa, convicta, o seu plano de vida (todos os dias) e da tentativa de cara séria do joão e do sorriso enorme e contagiante da meluxa e da maneira de falar baixinho do luisinho (luisão) e o cabelo/barba em constante transformação do zé e da maneira de dizer coisas sem pudor da marguerite e das perninhas sempre a dançar do manelo e dos discursos convincentes da ana e da crista da alicinha e do netto que é ao mesmo tempo tão grande e tão pequenino e do benjamim que é quase um homem e da casa da guga e de vê-la de manhã na cozina de camisa de noite branca a tomar café e das conversas sobre o mundo e a vida com o jaime e da maneira de dançar da gaby (que nunca pára) e do cabelo grosso da sandrinha que na altura me fascinava tanto e da maneira daquele joão falar sobre o zizek e da maneira de andar passo a passo decidido do tio tozé com as mãos entrelaçadas atrás das costas e da maneira engraçada de falar da babi e do olhar da raquel e do filips e a sua mota e do "bicho" que ultrapassa gerações do tomás ainda maior e da minda que vejo sempre (linda de morrer) antes de dormir e da charlotte que se sente mais brasileira que francesa e da carmelinda que só sintoniza o que quer e os olhinhos pequeninos da joana e dessas gargalhadas que nunca me esqueço do tio fefé.


Outras coisas que gosto para aliviar a carga emocional possivelmente pesada da composição anterior:
1 - a cor do bolo maria guilhermina
2 - o sofá de telheiras
3 - as lojas do carvalhal
4 - a dança da tartaruga
5 - feijoada

domingo, março 28, 2010

miradouro



Hoje Lisboa acordou em tom bastante primaveril. O miradouro de São Pedro de Alcântara estava cheio de luz, que reflectia nas casas pequeninas, empoleiradas, lá ao fundo, barulho de tambores (não cheguei a perceber bem de onde vinha)e cheiro a calor, bom tempo e férias.
Outros dias, são assim.

domingo, março 21, 2010

assim é hoje

Tivemos esta conversa várias vezes mas eu abstive-me de qualquer comentário (porque simplesmente não queria pensar no assunto, nem sequer admiti-lo como provável realidade); mas ela tem razão. Estamos sempre sós. Com os nossos pensamentos,opiniões, com as nossas imagens do mundo e da realidade, com os nossos sentimentos, desesperos, anseios e paixões. Estamos sempre sós. E é, de facto, dou-te razão, desesperante pensar que qualquer coisa que eu diga, que queira explicar ou expressar nunca poder passar (inteiramente) como desejo porque é impossível, porque não podemos exprimir por palavras, sons, gestos, arte, pintura, música, ou qualquer outra coisa aquilo que vai cá dentro. E assim permanecemos, sozinhos. E é tão desesperante.
E mesmo agora, neste preciso instante aqui estou eu a tentar explicar algo, a tentar dizê-lo, afirmá-lo da melhor maneira e acabam por sair uma série de palavras que estão bastante longe do que sinto neste momento. E quero dizer tanto e não consigo.
Depressão pós-Erasmus? Ou o vazio do "Fargo" a apoderar-se de mim? (o professor ia gostar). Qualquer dos dois é possível. Neste momento chamo-lhe realidade, nua e crua.

terça-feira, março 09, 2010

neu a la pompeu




Esta era a vista de dentro da biblioteca. No ínicio teve piada: toda a gente ria e batia palmas, tiravam fotos etc. Depois a universidade fechou em tom alarmista e ia caindo un número considerável de vezes até chegar a casa, e aí a neve perdeu um bocadinho o seu encanto.
Ainda falam do aquecimento global. Sim,claro. Nevou em Barcelona.
Mas soube bem o frio e, por alguma razão, fiquei a respirar melhor.

segunda-feira, março 01, 2010

Oh dear Barcelona

Com alguma nostalgia vejo-me a voltar. Sim, para muitos de vocês, que me acompanharam (mesmo de longe) nesta experiência é estranho ouvir (ver) estas palavras. Mas é verdade, como o Variações dizia, com tanta razão, só estamos bem onde não estamos. Tanto que me pergunto, será a vida assim? Estar sempre num constante ir ou voltar? Mas afinal não importa, não é assim tao mau. É um medo, um bichinho inquieto e pequenino que vive cá dentro e às vezes se vê surpreendido com o exterior que o arranca do escuro. Tantas vezes, muito bem surpreendido.


E a verdade, é que levo muito mais do que alguma vez pensei haver perdido, há algum tempo atrás, quando chorava desesperada no avião (a altitude também não ajudou) de abandonar Portugal.

"Lo bueno nunca acaba, si hay algo dentro de ti que lo recuerda"

domingo, fevereiro 21, 2010

dá-me lume

"Chegaste com três vinténs
e o ar de quem não tem
muito mais a perder
o vinho não era bom
a banda não tinha tom
mas tu fizeste a noite apetecer
mandaste a minha solidão embora
iluminaste o pavilhão da aurora
com o teu passo inseguro
e o paraíso no teu olhar

Eu fiquei louco por ti
logo rejuvenesci
não podia falhar
dispondo a meu favor
da eloquência do amor
ali mesmo à mão de semear
mostrei-te a origem do bem e o reverso
provei-te que o que conta no universo
é esse passo inseguro
e o paraiso no teu olhar

Dá-me lume, dá-me lume
deixa o teu fogo envolver-me
até a musica acabar
dá-me lume, não deixes o frio entrar
faz os teus braços fechar-me as asas
há tanto tempo a acenar
(...)"

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

São vontades

Há uns dias que me apetecia escrever. E ainda me apetece, sentir aquela sensação de alivio que costumava sentir.
Continuo com tanta vontade de escrever. Continuo sem saber bem o quê.

quinta-feira, janeiro 28, 2010

"Le Fabuleaux Destin d'Amélie Poulain" - quero ser uma amélie

"Sans toi, les émotions d'aujourd'hui ne seraient que la peau morte des émotions d'autrefois."



Sem dúvida, a melhor banda sonora dos últimos tempos. Não desprezando de algum modo os desempenhos ou o próprio guião (que me parece simplesmente maravilhoso), devo dizer que agora percebo quando me dizem que a música pode "fazer" um filme.

sábado, janeiro 23, 2010

Confimado





Este blog é mesmo uma maternidade. Saudades dos pirralhos e vontade gigante de conhecer a alicinha.

sábado, janeiro 09, 2010

Finalmente, Alice





A Alice já chegou. Quis mesmo nascer no dia a seguir a eu me vir embora... Teimosa, teimosa, que nem a mãe.
Prepara-te para esta família alicinha, é dura de roer.

terça-feira, janeiro 05, 2010

ele voltou

"Eu amo tudo que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errónea fé
O ontem que deixou alegria
Só porque foi,e voou
E hoje é já outro dia"

Fernando Pessoa

(porque já não me fazia companhia há algum tempo)