quinta-feira, junho 22, 2006

Por mais que tentes dar-lhe razão, expô-la ao espelho, completamente nua de qualquer disfarce que possa iludir, nunca conseguirás prever o que dela virá, porque não és diferente; afinal nunca ninguém conseguiu. Sim, é verdade, precisamos de descobrir o mistério para acabar com todas essas noites mal dormidas, com as divagações, com o choro imprevisível que mal pára de escorrer pela tua face descrente de coisa alguma. Os passos em falso, a tristeza de perder e a euforia de alcançar com que objectivo? Os abraços sentidos, o beijar profundo ou mesmo o apertar de mão solene para provocar essa coisa a que chamamos emoção que nos toca bem mais além que na pele, que no corpo…afinal com que meta? Todos esses momentos que formam uma espécie de curta-metragem, servem afinal para quê? Para o infeliz descontentamento de uns ou para a secreta alegria de outros?
Por vezes é assim, deixamo-nos de concentrar na rotina enfadonha para nos preocuparmos com o que afinal sabemos que nunca vamos descobrir. É desesperante… conseguimos, como grande e incrível gesto, atracar na Lua, quando nem sequer sabemos o motivo da nossa estadia na Terra.
Pronto, já chega, é melhor apagar a luz.

terça-feira, junho 13, 2006

A pedido de uma querida roommate, aqui vai um texto já há muito publicado no "céu dos múrmurios"...

No outro dia deixaram uma questão numa série que estava a ver, descontraidamente. Uma questão simples, mas bastante oportuna. Quando duas pessoas se amam, e por uma razão qualquer se separam, para onde vai esse amor, afecto essa paixão tão forte antes sentida? Parece estúpido, mas passo a explicar. Quando há amor numa relação e depois, devido a problemas há separação, será que o amor antes oferecido se pode tornar numa simpática amizade? E se, se conhecer alguém interessante posteriormente, será o amor oferecido sempre o mesmo? Será do género reciclagem, a única coisa que muda é o lixo, o objectivo é sempre o mesmo, renovar. Será no amor a mesma coisa? As pessoas mudam, mas o objectivo é sempre amar? É triste, muito triste pensar assim. O amor não é mais que a oferta do mesmo, da mesma maneira, só que a indivíduos diferentes. Não é o amor algo superior, especial, algo que se inventa espontaneamente a cada dia que passa.
Continuo a ter aquela ideia de infantil, ingénua, de contos de fadas, de que viverão “felizes para sempre”, uma visão estupidamente demasiado romântica, eu sei. Mas o realismo que se abate sobre nós no dia-a-dia assusta-me. Prefiro viver no meu filme encantado em que há princesas em apuros, dragões ferozes e príncipes corajosos (mesmo que isso às vezes possa magoar…)
O amor é como um sonho, se acreditarmos, se o desejarmos muito, pode vir a realizar-se, a acontecer. E quando entramos no sonho que é o amor, nada devemos fazer quando nos tentarem perturbar e acordar. Um sonho só é mesmo bom, quando é vivido até ao fim. Contínuo a ser uma romântica incurável (e é com alguma vergonha que o admito). Talvez porque conheci o amor. Talvez porque ele me abraçou com toda a sua força. Talvez porque já não queira acordar.