domingo, maio 27, 2007

estou além

Eternamente insatisfeita. Para sempre tão (ansiosamente) ambiciosa de algo superior. O desejo de querer, a esperança de alcançar, a força que vive e (apenas) sobrevive na nossa essência. Beijar com a alma, amar com os olhos, com os ouvidos, com o nariz, com a boca, com a pele, com os poros, com os membros, com todos e mais alguns sentidos que estabelecem a forte ligação com o exterior. O aperceber que somos todos e só um simultaneamente e que conseguimos estar (muito mais) além. Aquele formigueiro interior, aquele bichinho que habita dentro de mim e me faz querer (de)mais.


"Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P’ra não chegar tarde
Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão

Vou continuar a procurar a quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só

Quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci(...)"

António Variações

segunda-feira, maio 21, 2007

a culpa é da vontade

E finalmente tomo consciência da minha própria existência. Não é que não o soubesse antes, que estou viva e presente, preparada para me diluir no passar dos acontecimentos. Agora sei que posso fazer os acontecimentos em si e não ser uma simples figurante tudo porque a vontade, a energia e a paixão residem dentro de mim, em todos os meus sentidos, e eu posso fazê-los acontecer, modificar, suceder...se assim o desejar.
Sou eu que escrevo o que digo por linhas tortas ou direitas, por versos doces ou amargos. Sou eu que sinto a chuva a escorrer miudinha pela pele ansiosa de calor, sou eu que absorvo o silêncio dentro do meu olhar, sou eu que sorrio ao espelho porque afinal tenho força inegável nas minhas mãos e com ela posso fazer realmente tudo, tudo o que quiser.

domingo, maio 06, 2007

"Só somos jovens uma vez na vida. Não interessa por quanto tempo, interessa é que tenha valido a pena."

E cada vez mais sou apologista desta forma de pensar. Afinal falta-nos vontade de viver. Assombram-nos as crises, preocupam-nos os pormenores, chateiam-nos os acontecimentos inesperados e esquecemo-nos que temos de viver, aproveitar. A juventude, a aventura, o sentimento de que ainda falta tanto pela frente... não pode ser desperdiçado.
E quando acontece algo de mau? Quando as coisas boas são assombradas por situações que as estragam? Então, e como alguém me disse uma vez, não interessa o quanto dura ou como acaba, o que interessa é que tenha sido mesmo bom.

sábado, maio 05, 2007

Hoje decidi ser eu

Hoje decidi deixar de fingir. Decidi deixar de contar histórias, como faria antes para poder explicar como me sinto. Decidi não me esconder atrás personagens controversas e cenários longínquos para, finalmente, me poder aproximar mais de mim mesma. Decidi que não vou ser sempre alguém tao estupidamente feliz, com um sorriso amarelo nos lábios, quando a verdadeira vontade é de gritar a minha raiva. Decidi que de agora em diante não haverá mais desgraça apocalíptica nem o tão desejado paraíso. Decidi que haverá inúmeros sorrisos e abraços, desilusões e viganças, paixões e felicidade, dor e mágoa. Decidi que hoje, mais do que nunca, farei e direi tudo o que quiser e me apetecer porque a verdadeira beleza, o equílibrio entre nós mesmos e o que nos rodeia, reside no expor no nosso ser em bruto. Hoje, sim, decidi ser eu.

terça-feira, maio 01, 2007

o tempo faz-me disto

Sabem quando tudo parece tão indiferente? Não numa perspectiva dramática ou depressiva...mas sim de tédio, de melancolia ligeiramente amarga.
Os olhos concentram-se nas coisas mais elementares, a boca boceja, o nariz suspira aborrecido. O corpo mantém-se estático, as mãos brincam com qualquer coisa ao seu alcance, distraídas, o pé balança de um lado para o outro, de um lado para o outro, fingindo a ocupação inexistente.Tudo por causa duma tonalidade diferente do céu. O tempo faz-me disto.