sábado, junho 25, 2011

A Casa


Foi no dia em que o Vasquinho se mudou para casa. O Manuel recebeu um presente que supostamente seria dele - agora é assim que se faz para as crianças aceitarem bem a vinda de um novo membro na família. Era uma casa, aliás uma quinta assim do género dos Legos, em várias cores e com bonequinhos.
Foi o João que ajudou a desembrulhar, enquanto intercalava com uns "dá para acreditar?" "tão giro!" "queres abrir?". O Manuel parecia compreender porque abriu o sorriso e batia com os pés no chão freneticamente. O João baixou-se, de joelhos no chão e ficou ali, algum tempo, a ajudar a montar tudo.
Quando era pequena e eles eram os grandes (na altura adolescentes) eu costumava pensar como seria quando crescessem, como seríamos todos. Não sei como é que o tempo passou. Aconteceu, e eu nem dei por isso.
Há muitos anos - agora seria a altura perfeita para os meus irmãos lançarem a boa piada do "foi no ano passado, não foi?" - recebi a casa da Barbie e fiquei encantada. Era uma casa com dois pisos e várias divisões em tons de cor-de-rosa com janelas, portas e cenários com flores e padrões afins. Foram eles que a ajudaram a montar para mim.
No dia em que o Vasquinho chegou a casa, por segundos, só por alguns segundos, pareceu-me que estava a imaginar tudo aquilo: eles terem saído de casa, estarem casados, terem filhos, uma vida afastada da minha, da nossa.
Pergunto-me se um dia quando for eu nessa situação também vou sentir que o tempo passou de repente. Agora parece incrivelmente longínquo, tanto que me dá para deixar escapar uma gargalhada só do ridículo que me parece.
Não sei se foi o facto de ser o oitavo (é verdade, já tenho oito sobrinhos) o Vasquinho deu-me que pensar. Que a vida é diferente, que mudámos todos e que não é tão mau assim. Que temos uma vida em separado mas que há outra nova em conjunto - com mais membros à mistura. Que nunca mais voltaremos a ser quatro, nem três, mas bem mais e que até tem a sua piada. E, acima de tudo, que mesmo se quisesse, com muita força, que se houvesse alguma maneira de voltar atrás, mesmo que tendo essa oportunidade, não a aproveitava. Somos muitos, para o barulho nos restaurantes, para as reuniões caóticas, para os berreiros, para os mimos, para os sorrisos e malandrices e já não podemos ser de outra maneira.

sábado, fevereiro 26, 2011

Sem rodeios

"Gosto de ti como gosto de cavalos.
Gosto de ti como gosto de princesas e tangerinas." A. & A.

E eu gosto deles como gosto de ir ao cinema e de passear em dias de sol e calor como os de hoje.

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Uma boa desculpa


Pensava já, há vários dias tomar a decisão de reanimar o blog. Cheguei a escrever uma coisa ou outra mas nada me satisfez até que, finalmente, encontrei o tema ideal para marcar o regresso. Faz todo o sentido: 1º porque está na ordem do dia e 2º porque está dentro da linhagem mais recente do nascido a poente.
Não cheguei a vê-los no hospital mas ontem, já em casa, tive o Simão ao meu colo. Molezinho tipo gelatina. Delicioso.
São gémeos verdadeiros e já têm provocado algumas confusões. Aliás, ainda têm as pulseiras da maternidade para serem mais facilmente idenficados. O Simão é o nº 1 e Vicente o nº 2.
Pelo que percebi, do pouco tempo que passei com eles ainda não chateiam muito. Não choram - guincham baixinho - e dormem muito.
Passados três anos e cinco meses sobre o nascimento do primeiro par de gémeos, chega o segundo. Entretanto mais três bebés se juntaram ao grupo: o Benjamim, o Manuel e a Alicinha.
Agora? Agora vem aí o Vasco, homem madeirense.
No início achava piada e contava a toda a gente que tinha cinco sobrinhos. Agora tenho sete e, quando conto a alguém o feito, a expressão que me retribuem é um misto entre surpresa e horror. Não há que ter medo senhoras e senhores. Esta família tem - claramente - muito amor para dar. E é só.