sexta-feira, outubro 27, 2006

Não tenhas pena de ti, não deixes que nada te passe ao lado. Não te deixes abater pelos acontecimentos imprevistos que se sucedem: vive o bem intensamente e o mal, vive-o como se fosse bem da melhor forma que puderes. Nem sempre o sorriso é o mais sincero, ou as palavras as mais doces, ou o olhar o mais profundo. Mas a intenção é sempre a mesma e é essa que pode transformar um inocente disfarce na mais doce das realidades.

domingo, outubro 15, 2006

viver

E viver. Só viver. aproveitar cada ínfimo pormenor duma vida que às vezes parece tão fria, injusta, triste. Aproveitar o mal e transformá-lo em bem apenas com um sorriso disfarçado que acaba por se abrir por vontade própria. E espalhar este sorriso sincero, convencendo meio mundo que a felicidade está mesmo perto de nós, só é preciso haver iniciativa. Iniciativa para fazer, mover, correr, espreitar, abrir os braços ao inesperado, de olhos fechados e alma aberta, confiando na intuição... confiando naquele brilhar do momento que nos faz acreditar convictamente que tudo vai mudar, é só querer.


"E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz"

de "Alberto Caeiro"

segunda-feira, outubro 02, 2006

E é assim, o vazio. Nem felicidade, nem tristeza, nem euforia, nem amargura… Simplesmente o nada…que preenche o nosso todo. E por momentos, é como se não fossemos ninguém, é como se abandonássemos qualquer tipo de sensação para nos entregarmos por breves instantes ao nada. Não pensar, não querer, não sentir, não desejar, não ficar, não ir, não pedir, não esperar, não chorar, não sorrir, não magoar…não enlouquecer. Não ficar preso a importâncias ou banalidades, não ter de ser nada por instantes. Não ser obrigado a viver, a sentir tudo tão intensamente.
E então, o vazio instala-se. Não há nada. Apenas o respirar e o mover robótico, mais nada. Nem o frio ou o quente, nem o bom ou o mau. Apenas o olhar distante, frio e a expressão tranquila de um corpo desabitado. As mãos tremem nervosas, ansiando por qualquer reacção ao meio exterior, as lágrimas caem desejando chorar, o sorriso abre-se, nervoso esperando por rir sem medo.
Nada. O acordar de olhos fechados, o andar sem mover os membros, o tocar sem sentir a pele, o sorrir de lábios cerrados, o chorar de lágrimas secas. O escape do sofrimento e para o sofrimento. A saída que, afinal, não tem retorno. O vazio.

domingo, outubro 01, 2006

Antes de procurares a felicidade nos outros, procura-a em ti.
É isso mesmo. Não deixes essa responsabilidade a outrem. Tudo isto porque se só te sentires bem numa felicidade conjunta, nunca admitirás a possibilidade de um equilíbrio interior a sós. Um equilíbrio contigo mesmo, com o que te rodeia, é o passo essencial para respirar fundo e sorrir.
Agora que penso, não é uma tarefa fácil essa de nos fazermos felizes. Achamos que os outros têm uma capacidade superior para o fazer e por isso desistimos de tentarmos estar bem com nós mesmos. Desistimos de nos avaliar, de nos auto-criticar, porque é mais fácil que outra pessoa o faça; mas, na verdade, penso que temos mais em conta a nossa opinião do que a dos outros, o problema é que não nos damos ao trabalho de a elaborar. Porque é que deixamos cada vez mais de nos querer conhecer? Todos os nossos limites, opiniões, esperanças, medos…Será que sabemos do que somos capazes? E como é possível querermos dar-nos bem com outra pessoa, conhece-la a fundo, criar laços, quando sabemos que não nos podemos expandir quando falamos da nossa vida, quando falamos de quem realmente somos?
E é uma aventura ainda maior conheceres-te a ti, mais do que a qualquer outra pessoa. Pensas que sabes o que queres, os teus objectivos e sonhos e afinal nada é como parece e tudo muda. Transformas-te por completo ou, por outro lado, permaneces como sempre foste (só que só agora o descobriste).
É difícil entrares em paz contigo mesmo, é difícil amadurecer. No fundo, é isso mesmo que é: amadurecer. Saberes quem és, porque já viveste, experimentaste. Já erraste, já tentaste remediar os teus erros mas, acima de tudo, já aprendeste com eles. Acima de tudo, já sabes que passo dar. Todavia, e pensando bem, é bom esse processo de errar. Está tudo em aberto e não sabes o que poderá, eventualmente acontecer. Podes-te desiludir com o que fazes, podes sentir amargo arrependimento, carregar com o peso das consequências…mas também podes sentir orgulho, felicidade e uma extrema ambição de começar tudo de novo, porque agora sim, podes ir mais longe, já conheces um pouco mais de ti.