sexta-feira, novembro 24, 2006

Isso de desistir não é ser fraco, não é fragilidade nem sequer inocência. Isso de desistir é uma extrema carência de iniciativa, de vontade de agir e transformar o que pensamos estar errado. Se não fazemos algo e justificamos a nós mesmos, ou aos outros, que é por falta de força ou porque não é boa altura, ou por outra razão qualquer que nesse momento parece apropriada para desculpar a nossa incompetência, então é porque não queremos essa coisa assim tanto como julgamos querer. É nesse preciso instante que nos apercebemos até que ponto algo nos faz mover, até que ponto algo ou alguém consegue fazer-nos seguir o nosso coração não pensando nas consequências. Não digo que desistir seja negativo, é simplesmente uma maneira de percebermos se os nossos objectivos são mesmo só nossos (fruto de desejos, ambições, paixões que fazem parte do nosso ser) ou se são apenas uma resultante de influências exteriores.
E se algumas pessoas têm maior força de vontade que outras, então é porque algumas aprenderam a estabelecer melhor as suas metas, apercebendo-se do que realmente desejam mais rapidamente.
O que digo não é para me mostrar superior ou dizer que as pessoas devem ter força, que devem lutar pelo que querem e se não lutam é porque afinal os seus objectivos não são dignos de luta. O que digo, digo-o porque vejo demasiadas pessoas (inclusivamente, eu) a desistirem do que querem e a justificarem-no com falsas desculpas que até podem parecer credíveis mas que afinal não têm nenhuma razão de ser, porque o querer algo apaixonadamente, transporta todo o empenho e iniciativa necessários à realização de determinado objectivo.
Aquilo que gostamos verdadeiramente acabamos sempre por tentar alcançar, é inevitável, é algo que nos ultrapassa. Por isso se não fazes mais do que aquilo que podes, se não te moves para alcançar o que anseias, se não gritas bem alto a tua paixão será que estás, mesmo, a seguir o que queres?

sábado, novembro 18, 2006

E prometo não voltar a ser quem fui, sinto-me crente da realidade que me rodeia insistentemente, juro não voltar e cair no erro de olhar para trás. No erro de desviar o olhar por instantes e perceber que o passado continua lá, à minha espera, à espera de ser relembrado, repensado, revivido. A maldição dos três "r's": o remédio é nunca olhar para trás. Mesmo quando as incertezas atormentam e o presente parece instável, nunca olhar para trás.

E sinto aquele friozinho nas costas, o calor do teu sussuro e tropeço na realidade, outra vez...

domingo, novembro 12, 2006


Sorriam, festejavam, dançavam, choravam, angustiavam, perdiam, reaviam, acariciavam, amavam, beijavam, tocavam, queriam, rejeitavam, ambicionavam, desistiam…viviam, como nós. Numa outra época, rodeados de outras vestimentas, de outras modas, de outras tradições, de outras mentalidades, de outras importâncias, mas acima de tudo viviam, sentiam com a mesma intensidade que nós hoje sentimos tudo aquilo pelo que passamos. Perdiam-se na luxúria, na ostentação, entregavam-se a palácios, roupas, pedras preciosas. Ansiavam um futuro melhor, desejavam alcançar o inalcançável, choravam quando tudo parecia perdido, sorriam quando amanhecia, coravam quando os olhares se cruzavam, angustiavam quando sentiam o peso das suas acções, fechavam os olhos para sentir a brisa suave, sorrindo inocentemente para o vazio…
O tempo passa mas a emoção, o sentimento, o desejo de viver, permanecem uma ambição sempre nossa de querer cada vez mais apaixonarmo-nos por tudo, vivendo assim…intensamente.

terça-feira, novembro 07, 2006

equilíbrio

E pronto, simplesmente sorrimos. Porque como continuo a dizer a mim mesma, persistentemente, se algo corre mal, então é porque uma boa fase se avizinha ou vice-versa… o universo foi feito para ser assim: equilibrado. Quando tudo parece perdido, aparece algo para nos abrir os olhos e mostrar que podemos voltar a sorrir…outras vezes, quando tudo parece estar a correr da melhor maneira possível, acontece algo que nos desanima, que nos deita abaixo. A vida é assim, feita de coisas boas e coisas más…até porque se não houvesse coisas más como nos poderíamos deliciar com os acontecimentos óptimos, surpreendentes?
Mas melhores tempos vêem, e afinal conseguimos voltar a sentir aquele apego à vida, aquela emoção, aquela felicidade...fragmentos de coisas boas que julgávamos ter perdido há muito. Voltamos a tentar atingir o céu ou então caímos na realidade de que afinal a vida é mesmo apaixonante, é só preciso saber viver.


“Acho que só para ouvir passar o vento, vale a pena ter nascido”

Alberto Caeiro