sexta-feira, janeiro 16, 2009

A Importância de ser Obama

Em determinadas épocas aparecem heróis. Representem eles o que representarem (seja a decadência da droga, os problemas do álcool ou a triste instabilidade emocional), simplesmente são heróis e ponto. Falamos de personagens como Elvis Presley, o cativante rei do rock’n roll, Marylin Monroe, a loira atrevida que cantou os parabéns ao seu querido Kennedy e claro falamos de Barack Obama. O herói dos nossos tempos. Resumidamente ele tem tudo e vai-nos salvar. Seja qual for o seu problema ou inquietação, o Obama resolve.
Já me tinha apercebido desta autêntica “obamamania”, quando dei por mim a perguntar às pessoas se pudessem em quem votariam, mas o meu verdadeiro acordar aconteceu há poucos dias.
O almoço tinha caído bem e já não havia nada a fazer, estava a ser completamente assolada pela típica sensação de mente dormente e corpo cansado que geralmente se tem depois de uma boa refeição. De repente, algo me acordou da sestinha de velhote que dorme sentado: tocou a campainha. Quase de imediato, ouviu-se o barulho da loiça a ser abandonada provisoriamente e a empregada gritou em tom estridente e irritante um “Já boouu” à moda do Norte. E pronto acabara-se o descanso. Chegaria agora o caos disfarçado de gémeos angelicais. Não demorou muito para que a confusão se instalasse. Folheava o jornal e, quando estava finalmente a interessar-me por um artigo, tiraram-mo das mãos para satisfação do desejo duma das crianças. “Rais parta aos miúdos” pensei. Mas na verdade, a dita criança estava bastante irrequieta e precisava de um motivo de distracção. “Olha o Obama! Já Viste? Este é o Obama!” insistia alguém com o miúdo. “Podia estar eu a ler o artigo mas não” fugiu-me outro pensamento. Foi aqui que o meu dia parou. Após cinco minutos a apreciar atentamente a fotografia do homem mais badalado dos nossos dias, a criança ainda de poucas palavras disse com cara séria e carrancuda “Obama”. E continuou a olhar, a apontar e a dizer repetidamente “Obama, Obama”. Mas note-se que não foi um daqueles casos em que os pais dizem que as crianças já falam muito mas que depois quando as ouvimos falar não percebemos nada. O miúdo de um ano e pouco disse Obama com toda a dicção, com todo o tom de quem sabe do que está a falar. É verdade.
O Obama na televisão, o Obama em jornais, o Obama em cartazes, a voz do Obama na rádio, o Obama em canecas, o Obama em t-shirts, o Obama em postais, quadros, mesinhas de café. O Obama nos blogs, o Obama nas conversas, o Obama como a-primeira-palavra-do-bebé, o Obama nas pastas dos dentes, o Obama nos cereais, o Obama ao virar da esquina. O Obama de todos nós. De sorriso resplandecente, olhos pequeninos, risonhos, expressão amável e de braços abertos para nos ajudar em tudo e mais alguma coisa, aí está Barack Obama. Obama é o homem que todos os homens gostariam de ser (para atrair o público feminino) e o homem que todas as mulheres gostariam de ter. Alto, bem parecido, forte, crítico mas também poeta e sonhador. Há quem o tenha tentado deitar abaixo intitulando-o de intelectual elitista ou de poeta carente de realismo. A verdade é que estamos a falar de Obama, óbvio que qualquer crítica era escusada, claramente inútil. É Obama e pronto. Tem nome de árabe bombista mas ninguém se importa. É preto clarinho, os pretos acham-no pouco preto e os brancos um bocado pardo mas, no fim, ninguém quer saber. Porquê? Porque é Obama.

Um comentário:

Jorge Guimarães disse...

Gostei!

Texto claro e bem escrito!

há que perceber que o obama apareceu numa altura muito má para o mundo, e ainda pior para os Americanos. Eles neste momento têm mais de 11 milhões de desempregados, mais que a população portuguesa, e o antigo presidente só queria Guerra.. O opositor de Obama também era outro Bush (com nome diferente) e portanto ele aparece como salvador..

Se há alguém que neste momento pode resolver parte desta crise mundial é o Governo Americano, logo Obama é o "salvador"...

;)