domingo, agosto 26, 2007

Carta aos bolinhas

Olá Amélia, olá António. Sei que neste momento só se preocupam em comer, embirrar e dar pontapés (e assim será nos próximos tempos) mas tenho algumas coisas para vos dizer. Primeiro que têm uma mãe mandona e sorridente e que o vosso pai é um crente na cultura portuguesa, eternamente apaixonado pelo grande cantor Jorge Palma que um dia (esperemos) acabarão também por apreciar. Têm também três tios e uma tia. Mas os tios ficam para outra história...eu sou a vossa tia. Há tanto para dizer e contar que não tenho bem a certeza por onde começar para não vos deixar confusos. O mundo é complicado. Mas se olharmos de longe com distanciamento e optimismo ele acaba por se assemelhar bastante simples.
Primeiro, existirão um monte de princesas e príncipes, castelos e masmorras, lobos maus e dragões e também fadas madrinhas. Depois vão-se aperceber que o mundo é menos colorido, que as personagens que o integram são menos mágicas, ou por outro lado mágicas à sua maneira. Vão descobrir que o mundo não é a rua Diogo Bernardes nem a mãe Uxa e o pai Carlos. Vão descobrir que no mundo há mil e uma ruas mas nenhuma tão bonita como a vossa e que há muitos pais mas que nenhuns deles são tão especias e únicos como os vossos. Vão aprender mais tarde como falar e se expressar, vão conhecer o mundo e as coisas numa perspectiva completamente diferente. Vão chegar à conclusão que o mundo pode não ser tão mágico e cheio de fantasia como os desenhos animados mas que é bem melhor que isso porque é palpável, visível e a sua fonte de maravilhas é praticamente inesgotável. Vão aprender também que há pessoas boas e pessoas más e que nem tudo é tão cor-de-rosa como parecia ser. Vão aprender (e nem sempre compreender) que há pessoas que gostamos que nos magoam e que por vezes por muito que amemos alguém acabamos, inevitavelmente, por fazer algo de mau a essa pessoa. Vão aprender que somos pessoas, que não somos perfeitos mas que é isso que faz de nós tão interessantes e curiosos seres. Vão aprender que um filme pode mudar-nos a vida, que uma canção nos pode marcar para sempre, que um momento pode apurar todos os nossos sentidos e fazer acreditar que tudo vale a pena. Vão aprender que uma lágrima não é o fim do mundo e que haverá sempre alguém para nos segurar a mão nessas alturas menos boas. Vão aprender que um sorriso vindo do fundo do coração pode alegrar o nosso dia.
Vão também aprender (e saber logo no príncipio dos tempos) que se pode amar alguém sem sequer estar fisicamente perto dessa pessoa, sem sequer a conhecer, que é exactamente como todos nós gostamos de vocês.

Venham depressa bolinhas (mas tudo a seu tempo...) estamos à vossa espera. Não tenham medo, o mundo não é tão mau como parece.

2 comentários:

Anônimo disse...

Em resposta a barriga feliz chorou (porque saem à mãe) e devolveu-te esta música em português claro está (porque saem ao pai):

Ela dá-me beijos
E papas de leite
Faz-me um chapeuzinho
Com as nuvens do céu

Põe na minha boca
A cara de seda
E canta comigo
Para eu não chorar

Não chores, não chores,
Com os olhos em mim
Toma mel, menininha,
E a tua boneca
Peço a deus arco-íris
No céu para ti
E solinho para sempre

Ela abraça-se a mim
Em noites sem sono
Ela tem de chorar
Com as dores de crescer

Que sonhos terá
Nas primeiras noite
Quando me chamar
Pelo nome dela?

Eu vou dar-te beijos e papas de leite
Muitos mimos e doces para comprares por ti
Hás-de rir pela rua
Mais alto que eu
A crescer sozinho

Ela dá-me beijos
E papas de leite
E boas razões
Para me ter nascido

E a nossa cara
Com lustro de seda
Até se fanar
Até se fanar.

Beijos e papas de leite , Arnold Wesker / Jorge Palma

Anônimo disse...

E cá estão eles. No dia 10 às 21h10 nasceu o António e 10 minutos depois a Amélia. São lindos, charmosos e inteligentes como a mãe e palmaníacos como o pai.

Enfim, não é por serem meus filhos, mas são os bebés mais deliciosos do mundo.