sábado, setembro 22, 2007

O capacete dourado


O típico rapaz rebelde, popular que não quer saber de nada nem de ninguém. A típica rapariga inocente, frágil e racatada que espera por algo superior. O típico amor inesperado que acaba por transformar as duas personagens que se vão moldando um à outra. O resultado: um filme que mostra que acima de tudo é necessário viver. Seja num grande cidade, ou numa pequena como Vila Real. Viver com toda a intensidade.

As imagens, os sons, os sentidos apurados a sugarem a cada segundo as emoções e sentimentos que transbordam, descuidados, do nosso corpo. E em vez de deixarmos as memórias para trás, cobertas de pó, voltamos ao passado e vivemos tudo com mais intensidade porque agora sim, temos a certeza que o que passou valeu mesmo a pena.

Vemos a nossa vida de longe representada noutras personagens, vemos os mesmos sitíos que frequentávamos de longe, com saudade, ouvimos os mesmos sons e de repente parece que revivemos situações que tantas vezes desejámos que pudessem repetir-se uma e outra vez.

Hoje percebi que o processo de fazer um filme é bastante semelhante ao de escrever. É o acto de tentar mostrar o que sentimos, ao mesmo tempo que fazemos um esforço para que os outros entendam o que tentamos explicar, identificando-se de algum modo com a nossa história. É uma universalidade única, uma generalização peculiar. Uma estranha maneira de mostrar que apesar de sermos todos diferentes, de cada um ter as suas vivências únicas, conseguimos identificar-nos num sorriso especial, num olhar inquietante, num abraço quente, numa situação familiar. Todos diferentes sendo tão deliciosamente iguais.

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