segunda-feira, janeiro 08, 2007

E vai, e vem. E os acontecimentos passam, e a vida corre, os sorrisos depressa se dissipam, os abraços rapidamente deixam de ser sentidos, as palavras subitamente deixam de fazer qualquer sentido. As metas deixam de ser uma ambição, os passos perdem o seu destino, o olhar não mais nos guia, o raciocínio já não mais serve para orientar mas sim para confundir…É tudo negro, é tudo triste. Lembro-me vagamente que ainda hoje havia sol… mas porquê?

Um comentário:

Anônimo disse...

À Espera do Fim

Vou andando por aí
Sobrevivendo à bebedeira e ao comprimido
Vou dizendo sim à engrenagem
E ando muito deprimido
E é difícil encontrar quem o não esteja
Quando o sistema nos consome e aleija
Trincamos sempre o caroço
Mas já não saboreamos a cereja

Já houve tempos em que eu
Tinha tudo não tendo quase nada
Quando dormia ao relento
Ouvindo o vento beijar a geada
Fazia o meu manjar com pão e uva
Fazia o meu caminho ao sol ou à chuva
Ao encontro da mão miúda
Que me assentava como uma luva

Se ainda me queres vender
Se ainda me queres negociar
Isso já pouco me interessa
Perdemos o gosto de viver
Eu a obedecer e tu a mandar
Os dois na mesma triste peça
Os dois à espera do fim

Tu tens fortuna e eu não
Podes comer salmão e eu só peixe miúdo
Mas temos em comum o facto de ambos vermos
A vida por um canudo
Invertemos a ordem dos factores
Pusemos números à frente de amores
E vemos sempre a preto e branco o programa
Que afinal é a cores.

Se ainda me queres vender
Se ainda me queres negociar
Isso já pouco me interessa
Perdemos o gozo de viver
Eu a obedecer e tu a mandar
Os dois na mesma triste peça
Os dois à espera do fim
Só à espera do fim !!!

Jorge Palma