quinta-feira, junho 22, 2006

Por mais que tentes dar-lhe razão, expô-la ao espelho, completamente nua de qualquer disfarce que possa iludir, nunca conseguirás prever o que dela virá, porque não és diferente; afinal nunca ninguém conseguiu. Sim, é verdade, precisamos de descobrir o mistério para acabar com todas essas noites mal dormidas, com as divagações, com o choro imprevisível que mal pára de escorrer pela tua face descrente de coisa alguma. Os passos em falso, a tristeza de perder e a euforia de alcançar com que objectivo? Os abraços sentidos, o beijar profundo ou mesmo o apertar de mão solene para provocar essa coisa a que chamamos emoção que nos toca bem mais além que na pele, que no corpo…afinal com que meta? Todos esses momentos que formam uma espécie de curta-metragem, servem afinal para quê? Para o infeliz descontentamento de uns ou para a secreta alegria de outros?
Por vezes é assim, deixamo-nos de concentrar na rotina enfadonha para nos preocuparmos com o que afinal sabemos que nunca vamos descobrir. É desesperante… conseguimos, como grande e incrível gesto, atracar na Lua, quando nem sequer sabemos o motivo da nossa estadia na Terra.
Pronto, já chega, é melhor apagar a luz.

3 comentários:

Anônimo disse...

Procura.
Quando estiveres ao espelho procura.
Ela está lá...
Se não a vês é porque estás à frente.
Afasta-te um pouco e procura.
Ela está lá,
Mesmo no escuro...
A luz que nos guia,
Que nos ajuda a viver cada dia
com força e alegria,
Sem dúvidas nem medos...
Que nos convida a sermos nós também
em cada dia
uma luz para quem nos rodeia
Procura a tua luz,
e com ela mantém também acesa
esta luz nascida a poente
que nos encanta.

Anônimo disse...



Só por existir
Só por duvidar
Tenho duas almas em guerra
E sei que nenhuma vai ganhar

Só por ter dois sóis
Só por hesitar
Fiz a cama na encruzilhada
E chamei casa a esse lugar

E anda sempre alguém por lá
Junto à tempestade
Onde os pés não têm chão
E as mãos perdem a razão

Só por inventar
Só por destruir
Tenho as chaves do céu e do inferno
E deixo o tempo decidir

E anda sempre alguém por lá
Junto à tempestade
Onde os pés não têm chão
E as mãos perdem a razão

Só por existir
Só por duvidar
Tenho duas almas em guerra
E sei que nenhuma vai ganhar
Eu sei que nenhuma vai ganhar


Jorge Palma

Anônimo disse...

A moral que nos transmitiram equivale a fazerem-nos caminhar por uma corda vacilante sobre um abismo, depois de nos darem apenas por conselho que nos conservemos bem direitos!


Robert Musil, in O Homem sem Qualidades