Ás vezes imagino-me a viver a vida dos outros. Não de pessoas com as quais convivo diariamente, mas sim pessoas imaginadas (perfeitas na sua definição: contornadas delicadamente por pormenores específicos). Vivo fragmentos das suas vidas e tantas vezes apodero-me da sua essência, talvez por mera distracção ou pura inveja. Imagino-me a ser, sentir e agir de forma completamente diferente. Afasto-me daquilo que sou e tento-me aproximar de uma realidade confusa que, apesar de distante se assemelha mais fácil de enfrentar.Agora que reflicto melhor sobre o verdadeiro significado destas frequentes divagações, acabo por lhes tirar um sentido menos positivo. Afinal apodero-me de vidas, de diferentes personalidades,de qualidades e defeitos porque...não sei, nem quero saber, o que se passa cá dentro. É (será?) melhor assim.
«"conhece-te a ti mesmo", o que, pelo menos no meu caso, constitui um péssimo conselho. Conheço-me apenas de vista, e já é bom. Um conhecimento profundo obrigaria a uma convivência mais intensa, e eu não me dou com gente desta.»
"Opinião/Boca do Inferno" por Ricardo Araújo Pereira in Visão
Um comentário:
"lembrar é fácil pra quem tem memória e difícil pra quem tem coração"
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