Tivemos esta conversa várias vezes mas eu abstive-me de qualquer comentário (porque simplesmente não queria pensar no assunto, nem sequer admiti-lo como provável realidade); mas ela tem razão. Estamos sempre sós. Com os nossos pensamentos,opiniões, com as nossas imagens do mundo e da realidade, com os nossos sentimentos, desesperos, anseios e paixões. Estamos sempre sós. E é, de facto, dou-te razão, desesperante pensar que qualquer coisa que eu diga, que queira explicar ou expressar nunca poder passar (inteiramente) como desejo porque é impossível, porque não podemos exprimir por palavras, sons, gestos, arte, pintura, música, ou qualquer outra coisa aquilo que vai cá dentro. E assim permanecemos, sozinhos. E é tão desesperante.
E mesmo agora, neste preciso instante aqui estou eu a tentar explicar algo, a tentar dizê-lo, afirmá-lo da melhor maneira e acabam por sair uma série de palavras que estão bastante longe do que sinto neste momento. E quero dizer tanto e não consigo.
Depressão pós-Erasmus? Ou o vazio do "Fargo" a apoderar-se de mim? (o professor ia gostar). Qualquer dos dois é possível. Neste momento chamo-lhe realidade, nua e crua.