quarta-feira, julho 12, 2006

Falo de momentos porque são esses mesmos que merecem toda a atenção. Falo de pequenos instantes porque não é um ano na nossa vida que nos marca, não é uma época mas sim aquele sorriso, aquele toque, aquele preciso instante que por momentos, por breves momentos nos tocou a alma e nos fez sentir que tudo vale a pena. Falo de um beijo apaixonado, de um abraço amigo, de um sorriso envergonhado, de um olhar carinhoso. Falo de algo que nos pode curar a alma, afogar o espírito triste na doce alegria…Falo de ver a série favorita enterrada no sofá a beber chá gelado, falo de passear na rua quando chove levemente, falo de sentir o cheiro da relva acabada de cortar, falo de passear à beira mar quando o sol se põe. Mas acima de tudo, falo de viver, cada segundo, com incrível paixão como se não tivéssemos conhecimento que as coisas más também existem.

domingo, julho 02, 2006



Cheira a ti. Cada vez mais cheira a ti. Não sei se é doce ou amargo, se é agradável ou muito forte, mas faz-me lembrar da tua essência como pessoa, e é isso que realmente importa. De facto, é principalmente o cheiro que me persegue. Ficou entranhado na minha casa, nas minhas roupas, em mim, no meu pensamento… Li no outro dia numa revista que o cheiro é o sentido que mais faz relembrar pessoas, situações, coisas. Nesse preciso momento comecei a sentir o teu perfume e até senti a tua mão a tocar na minha várias vezes durante o dia.
Quando é de noite, quando vou para a cama é pior. Sempre ouvi dizer, desde pequena, que a noite é má conselheira. Concordo, sem dúvida alguma. Acontece como se fosse uma premonição, quando me deito na cama, já sei o que vai acontecer e, apesar da previsão não me agradar de todo, não faço nada para evitar que se suceda. Encosto devagar a cabeça à almofada e começo a sentir todos os meus sentidos alerta. Fecho os olhos, acolho os lençóis para bem perto de mim e espero por algo, não sei bem o quê. Estás aqui, tenho a certeza. O teu fantasma, o teu nada, o meu todo. A mágoa nasce bem fundo do coração, e o vazio instala-se, como se o corpo se limitasse a uma caixa oca, repleta de ar. Quero poder gritar, afastar todas essas crenças recém-chegadas que nunca me convenceram. Mas, na verdade nada faço para que a nostalgia do teu ser me abrace com força. O teu cheiro persegue-me. De dia, de noite, em casa, na rua, no metro, em qualquer lugar. Já tentei mudar de perfume, já tentei mudar o aroma. Mas o odor da tua pele, o cheiro da tua alma, a essência do teu ser, é demasiado forte, ficou presa a mim…habita debaixo da minha pele, muito mais além do meu ser, bem abrigada no meu espírito.

sábado, julho 01, 2006

Se te dói a alma, aproveita. Se o mundo parece não ter sentido, contempla o facto como se fosses um mero espectador. Se as palavras se desfazem, se o simples toque te amargura, se as imagens, as cores, os sons habitam dentro de ti, se a única razão pela qual te comprometeste a viver, desvanece pelo vazio, guarda tudo bem dentro de ti como se pensasses que consegues suportar. Cria a ilusão da força, mascara-te de guerreiro, pega no que não tens e usa a tua fraqueza, a tua cobardia. Tudo porque chegará o dia em que, não ficarás feliz pelo que fizeste, mas simplesmente, aliviado.